Executivo, Legislativo e Judiciário: os poderes da República
O simples olhar sobre os fatos
diários do cenário político brasileiro nos leva invariavelmente a dúvidas
consistentes se o Brasil tem ou não jeito. E se tem, de que jeito?
Mesmo com enorme e patriótico esforço para identificarmos
saída, o otimismo do cidadão brasileiro é ao tempo todo bombardeado por atos e
fatos que minam as esperanças otimistas
que com todo o direito querem ter e viver não em outro país, mas em um Brasil
melhor.
Em um contexto devastador
politicamente falando, a cada dia constatamos que as decisões sobre a vida real
dos brasileiros permanecem nas mãos de parlamentares que não legislam – a menos
que em causa própria –, gestores que não administram – a menos que em obras
superfaturadas -, e autoridades que conspiram via iPhones e smartphones “emprestados”,
em diálogos condenáveis e nada republicanos.
Flagrados através de vídeos e
áudios autênticos, sem possibilidade de
fugir da própria imagem ou da voz, recorrem, todos, a negarem a sí mesmos, como se possível fosse
driblar suas próprias consciências. E insistem com indisfarçável cinismo em tentar
convencer que quando dizem sim, estão dizendo não. Suas defesas à luz de um
olhar mais atento soam como perfeitas confissões de culpa pela sua clara
inverossimilhança, através de uma
retórica que tenta subestimar a inteligência de quem os ouve ou lê.
A quem recorrer para alimentar a
combalida esperança brasileira de que sairemos dessa grave crise política e
institucional? Em um novo enorme esforço podemos acreditar que as instituições
estão funcionando. Permitam-me dizer que em parte, sim. A Polícia Federal,
Ministério Público e o Poder Judiciário sobrevivem em um sistema de governo com
enormes fragilidades advindas de um caríssimo Poder Legislativo que produz
muito pouco ou quase nada e um Poder Executivo até então rigorosamente
aparelhado em nome de um projeto de poder petista em que a meritocracia ou mais
especificamente, a competência técnica é solenemente ignorada. A prioridade
absoluta é acomodar a companheirada, exigiu sempre o poderoso chefão.
Resulta em imensa frustração e
sentimento de traição ao povo brasileiro, se tomar conhecimento dos áudios e
vídeos diários na imprensa nacional, esta sim, cumprindo um papel de enorme relevância com seu jornalismo investigativo, prestando valiosíssimo serviço ao
país.
A generalização traz consigo o
risco de possível injustiça cometida. Devemos, portanto, dar o crédito de que
toda regra deva existir exceção. Em relação a probidade com o erário público,
que deveria ser um valor humano obrigatório e não uma virtude, a quem das
atuais autoridades brasileiras devemos, por dever de justiça, distinguir como
exceção? Trabalho nada fácil, diria.
Diante de uma nova e grave
denúncia de ilegalidade por parte de algum homem público, ficamos na otimista
expectativa de uma justificativa consistente que nos faça acreditar na sua
inocência. E por maior dose de generosidade com a qual analisemos os fatos, as
defesas quase sempre não passam de um exercício de cinismo tentando defender o
indefensável.
A crise política brasileira
atinge em cheio ao bolso do cidadão, na medida em que a economia, enquanto uma
ciência humana, sofre os efeitos da desorganização na gestão do país, em que se
destacam dois fatores decisivos e igualmente danosos a qualquer nação:
ineficiência e corrupção.
O atual momento da vida
brasileira torna obrigatório recorrermos ao escritor inglês Thomas Morus
(07/02/1478-06/07/1535), cuja utopia era acreditar ser possível a existência de um lugar
próspero onde as pessoas pudessem viver livres e felizes.
Por suas potencialidades e por
cada um de seus habitantes, que esse utópico lugar possa ser o Brasil.
Parabéns pelo Blog.
ResponderExcluirNo entanto, identifico seu engano sobre a aparelhagem de Poder Executivo, não é exclusividade do projeto petista, eles apenas não foram capazes de dar um novo rumo ao que estava estabelecido pois cuidaram de outras prioridades sempre negligenciadas pelos governos anteriores.
Ser crítico é um mérito, ser imparcial é louvável ser focado no todo de nossa conjuntura é sábio. Nada nem ninguém tem valor absoluto, tudo é relativo.
Prezada Adélia, bom dia! Identifico-lhe como sendo a nossa amiga, filha de seu Afonso e de dona Maria (in memorian) e irmã de meus compadres Beto e Bevan, de Gilvanise, Afonso, em nome dos quais cumprimento todos os demais queridos irmãos.
ResponderExcluirQuero registrar a honra e a alegria de merecer sua leitura a nosso modesto espaço que considero amador no formato e possivelmente útil na intenção. Nasceu de minhas inquietações como cidadão comum.
Quando me dispus a manifestá-las decidí fazê-las com o pressuposto de absoluto respeito ao contraditório e a pluralidade sadia das opiniões livres. Não poderia ser diferente.
Quanto ao meu engano permita-se fazer apenas a defesa de que reconheço a não exclusividade do governo petista no aparelhamento do Estado sem a fidelidade indispensável à meritocracia. Penso ser importante apenas avocar a proporcionalidade e seus efeitos pouco construtivos ao país, com as devidas exceções. E para concluir, pedir licença para recorrer à lógica natural de que erros nunca podem ou poderiam justificar outros, especialmente para um projeto que mereceu o depósito da confiança da maioria do povo brasileiro.
Por fim, o melhor da democracia é essa pluralidade de olhares livres sobre os fatos políticos, sociais e econômicos que compõem o nosso cotidiano.
De novo, agradecido por sua leitura, mando um grande abraço à toda família.
Sim, algumas vezes em Fortaleza estive com Carmosi e com você Alcindo, mas os rostos são tão semelhantes que acredito que vai precisar de ajuda para me identifica na foto da família.
ExcluirGostei de lê-lo. Estarei sempre a visitar o blog e lendo o conteúdo. Parabéns pela iniciativa.