terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Haiti: a fome não pode esperar
A fome não pode esperar a forma mais adequada de se entregar o alimento. Para os sobreviventes pouco importa a maneira, mas a urgência no atendimento a suas necessidades imediatas, de todas elas, a fome e a sede.
Nesse aspecto, os Estados Unidos demonstram sua superioridade no atendimento aos sobreviventes, pela presença arrojada de militares e pelos meios utilizados na tentativa de minimizar o sofrimento do povo haitiano.
"O Exército dos Estados Unidos começou nesta semana a jogar suprimentos de ajuda ao Haiti pelo ar, dias após ter descartado a solução na semana passada por considerá-la muito arriscada.
Cerca de 14 mil refeições prontas e 15 mil litros de água potável foram jogados de um avião militar americano C-17 sobre uma área segura ao noroeste de Porto Príncipe, segundo afirmou uma porta-voz militar.
As autoridades militares americanas estão agora avaliando a possibilidade de ampliar a entrega de ajuda por via aérea para outras regiões do Haiti.
Na semana passada, o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, havia descartado a possibilidade de jogar alimentos a partir de aeronaves, alegando que, sem um esquema de distribuição da ajuda em solo, isso poderia criar ainda mais problemas, como brigas e tumultos.
Reabertura do porto
Espera-se que a reabertura futura do porto da capital haitiana, danificado pelo terremoto, possa facilitar a distribuição da ajuda humanitária ao país.
Nesta segunda-feira, 2.200 marines americanos desembarcaram no Haiti, juntamente com equipamentos para remoção de escombros, suprimentos médicos e helicópteros.
Segundo a Casa Branca, mais de 11 mil militares americanos estão já em solo no Haiti, em navios na costa do país ou a caminho.
Militares americanos e da Minustah, as forças de paz da ONU lideradas pelo Brasil, estão auxiliando a distribuição de ajuda e protegendo locais visados por saqueadores.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, recomendou ao Conselho de Segurança a incorporação de 1.500 novos policiais e 2.000 soldados à força de paz da organização, que já contava com 9.000 homens.
Calma
Apesar dos relatos de episódios de violência e de crescentes casos de saques em meio ao desespero dos haitianos pela demora na chegada de ajuda, o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, John Holmes, afirmou que a situação geral é de calma.
O comandante das forças americanas no Haiti, general Ken Keen, disse que há agora menos violência em Porto Príncipe do que antes do terremoto.
"As pessoas que moram e trabalham aqui no Haiti, que estão aqui há anos - tanto na nossa própria embaixada quanto na comunidade internacional, assim como nas forças da Minustah - me dizem que o nível da violência que vemos agora está abaixo dos níveis pré-terremoto", disse Keen.
"Ainda assim, qualquer incidente de violência atrapalha nossa capacidade de dar assistência humanitária", afirmou.
Keen disse no domingo que até 200 mil pessoas podem ter morrido no desastre.
A entrega de ajuda no centro de Porto Príncipe está se tornando mais difícil, segundo o correspondente da BBC na cidade David Loyn, por causa da crescente irritação dos haitianos com a demora.
Segundo Loyn, os caminhões para o transporte de suprimentos de ajuda têm necessitado de acompanhamento militar para trafegar pela cidade.
Frustração
O comandante Walter Matthews, da Marinha americana, disse à BBC que entendia a frustração entre os haitianos, mas disse que os esforços de ajuda estão melhorando.
A distribuição de suprimentos está se expandindo para outras áreas afetadas pelo terremoto além da capital, como as cidades de Leogane, Gressier, Petit-Goave e Jacmel.
O ex-presidente americano Bill Clinton, enviado especial da ONU para o Haiti, disse que a cooperação entre as tropas americanas e das Nações Unidas estavam melhorando os esforços humanitários.
"A ONU dá segurança e os americanos garantem a logística e a distribuição. Eles sabem como fazer isso. Então estamos chegando lá", disse Clinton à BBC durante uma visita a Porto Príncipe na segunda-feira.
Bloqueios
A distribuição de ajuda ainda está dificultada por obstáculos como o fechamento do porto e pelo bloqueio de ruas por corpos e escombros.
Muitas agências e organizações internacionais reclamaram no fim de semana de que não estavam conseguindo entregar suprimentos de ajuda por causa do congestionamento no aeroporto da capital, que está sendo administrado pelo Exército americano.
Mas John Holmes, da ONU, disse que os problemas iniciais estão sendo resolvidos com a introdução de um sistema para priorizar voos humanitários.
Segundo ele, ainda há 43 equipes de resgate, com cerca de 1.700 homens, trabalhando na procura por possíveis sobreviventes, apesar de a chance de se encontrar mais pessoas com vida sob os escombros diminuir a cada dia." Com informações do site UOL.
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