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quarta-feira, 25 de julho de 2012

Travessia Areia Branca/Grossos: poesia, simbolismo e insegurança


















Areia Branca e Grossos: as águas do rio Mossoró separam as duas cidades.

O destino era o Bar Maria Lúcias, na Barra, do outro lado do rio. De Areia Branca, com a maré na baixa-mar, a única possibilidade era através da travessia de balsa até Grossos e de lá, percorrer uma simpática e estreita rodovia asfaltada entre os manguezais e salinas, até a Barra.

A travessia de balsa pelo rio Mossoró é um momento especial de contemplação: em uma das margens, os vastos e verdes manguezais em uma área que a cada dia avança sobre o leito do rio, como se quizesse eliminar o estreito canal que separa Areia Branca da Barra. Na outra margem, o histórico cais Tertuliano Fernandes, de tanta importância econômica para o município nos tempos idos de desembarque de mercadorias diversas vindas dos quatro cantos do país, por via marítima. Além, claro, do sal, matéria prima responsável pela principal atividade econômica da terra do sal.

O embarque na rampa em balsas relativamente precárias, não tira o poesia da paisagem se formando na medida em que a embarcação se afasta do cais, tendo ao fundo a imponente Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, agora em novo formato de embarcação. O pequeno espaço interno abriga precariamente os passageiros que se misturam aos poucos carros transportados. Os equipamentos salva-vidas, injustificadamente presos ao teto de balsa, distancia-se do possível uso imediato caso haja uma emergência. A insegurança é diminuída apenas pela mansidão do rio Mossoró, que mais parece uma lâmina em seu espelho d'água, afastando assim um risco maior para os passageiros.

O silencioso trajeto de 30 minutos poderia ser preenchido por informações históricas e curiosidades do rio e das duas cidades ligadas pelo Mossoró. Sente-se nitidamente a ausência de qualquer ação voltada para informações turísticas sobre a região, agregando maior valor ao trajeto.

Atingido o objetivo inicial no Bar de Maria Lúcias (não há erro de concordância, é Maria Lucias mesmo), a travessia inversa é ainda mais interessante com a aproximação do cais, em Areia Branca. A paisagem vai se transformando na medida em que a balsa deixa para trás a cidade de Grossos e aporta na histórica rampa que durante tantos anos acolheu as frágeis mas indispensaveis canoas que à vela ou a remo, transportavam os areia-branquenses para a Barra e vice-versa.

Valeu o excelente carangueijo no côco com ariacó frito e baião de dois no Bar de Maria Lúcias, mas o melhor da festa foram as duas travessias que possibilitam a todos, inclusive a este simples blogueiro nascido em Pernambuquinho, uma agradável viagem no tempo. Uma volta às origens e a reafirmação do orgulho de ser areia-branquense nascido em Pernambuquinho.