Notícias do Dia

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Política do RN: Exageradamente dinâmica



                                  Quem se permite dedicar parte de seu tempo a observar a cena política brasileira e particularmente a do Rio Grande do Norte, já ouviu repetidas vezes que "a política é dinâmica" ou que "em política tudo é possível", ou ainda que "política é como as nuvens, em constante mudança". Os porta-vozes são invariavelmente políticos quase sempre profissionais, que recorrem a tais argumentos na tentativa de defender algo indefensável ou alguma posição absolutamente incoerente e portanto insustentável, tal sua fragilidade por maior que seja a boa fé de quem a ouve.

                                   Foi dada a largada para a eleição de Outubro próximo. As redes sociais começam a exibir fotos com composições partidárias impensáveis, em que se destacam os falsos sorrisos da conveniência temporária ou mesmo da sobrevivência política.

                                   Estatutos e programas partidários viraram definitivamente pesas de museus. Pensando bem, nunca foram levados a sérios. E não se está falando apenas dos chamados minoritários partidos  de aluguel. As grandes siglas partidárias que polarizam via de regra as principais disputas eleitorais adotam a mesma prática.

                                  Alguns casuísmos  são emblemáticos na política do Rio Grande do Norte. Ver a combativa petista deputada federal Fátima Bezerra posando sorridente ao lado da ainda governadora Rosalba Ciarlini, do DEM, é algo próximo do bizarro.  Quando não precisava dos votos, a deputada federal repudiava ao extremo qualquer composição política com a rejeitada pelo seu próprio partido - o DEM - governadora Rosalba. Agora, disputando o "céu" (Senado Federal) com a forte candidata ex-governadora Wilma de Faria, Fátima não resistiu e se nivelou por baixo ao adotar as práticas as quais condenava de que o fim justifica os meios ou que em política vale tudo mesmo.

                                   Outra excrescência do pleito que se aproxima é o candidato peemedebista deputado federal Henrique Alves ter como tema de sua campana ao governo do Estado, a MUDANÇA. Como se até há muito pouco tempo era parceiro e detentor de cargos no Governo do DEM, ferrenho adversário do Governo Federal do qual o PMDB é aliado? Coerência é um valor universal, não cabendo submissão a interesses regionais. O marqueteiro exagerou e com a anuência do candidato submestima ao mais desatento dos eleitores.

                                    Costuma-se dizer que a Política é a arte do convencimento e sendo assim, há razoabilidade em a admitirmos como portadora de dinamismo. Distorceram o fundamento sociológico para algo como sendo a arte da conveniência.

                                     No caso do Rio Grande do Norte, exageradamente dinâmica.
                                   













domingo, 9 de fevereiro de 2014

Acusação: "A sociedade é culpada"


Marco Aurélio, presidente do TSE: "A sociedade não é vítima, é a culpada. Reclama do governo e se esquece de que quem colocou os políticos lá foi ela própria".

Com a devida vênia, há controvérsia na sincera afirmação da mais alta autoridade eleitoral do país, o ministro e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Marco Aurélio, que comandará as próximas eleições para presidente da República, senadores, deputados e governadores.

Com mais de trinta partidos registrados, surgem candidatos que nem eles mesmos acreditam que são candidatos, dada a inviabilidade de terem algum sucesso, mas se prestam ao insucesso movido por interesses menores e por algum benefício financeiro proporcionado pelos inaceitáveis fundos partidários. Sim, parte da  altíssima carga tributária que o contribuinte brasileiro paga abastece os partidos políticos, sem nenhuma reciprocidade de benefício coletivo.

Com uma injustificável e autoritária obrigatoriedade de votar - embora lembremos estamos numa Democracia - é comum nos depararmos com candidatos nos quais nunca votaríamos. Por esse viés, não parece justa a afirmação de que a sociedade é culpada e não vítima. A alternativa do voto em branco ou nulo não resolve o problema pois acaba favorecendo exatamente aquele candidato em que não se votaria.

A meia culpa é a da reconhecida memória curta do eleitor brasileiro, que tem reconduzido ou reeleitos políticos condenados até pela mais alta corte de Justiça, por crimes diversos que vão de desvios de recursos públicos a formação de quadrilhas. E não se pode dizer que são casos isolados.  Apenas para arejar a memória,  como aceitar ou compreender que o senador Renan Calheiros pudesse retornar à presidência do Senado Federal tão pouco tempo após ser destituído do cargo por falta de decoro parlamentar e enriquecimento ilícito? Importante lembrar que foi reconduzido através dos votos dos seus pares, senadores, representantes do povo que os elegeram. Isso para citarmos um exemplo mais recente. 

Não exatamente a maior culpa mas a maior responsabilidade  a ser atribuída à sociedade é a de que ela realmente assume poder decisório na hora do voto, da escolha, com real possibilidade de "condenar" candidatos indesejáveis para representá-los, prerrogativa garantida pela imperfeita mas importante e indispensável Democracia  vigente no país.

A sociedade a que nos referimos é aquela composta por eleitores independentes e politizados, embora minoritários. A maioria lamentavelmente ainda é constituída por beneficiários dos bolsas família, vale-gás e outros do gêneros, que merecem toda a compreensão. Com carências extremas, não há como exigir deles, alguma independência.

O fato é que as oportunidades para a sociedade tentar corrigir os rumos da nossa combalida Democracia continuam. Outubro próximo é mais uma dessas chances de se tentar elevar o nível dos nossos representantes nos parlamentos e gestões públicas do país, sob pena de continuarmos culpados pelos descaminhos da nação campo institucional. É no momento indevassável do voto em que nos transformamos em reais juízes do nosso destino como integrante de uma sociedade que desejamos como mais justa, igualitária e solidária.


sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Mensalão: Para Delúbio Soares, o crime compensou


Foto: Delúbio Soares, condenado pelo Mensalão e Joaquim Barbosa, presidente do STF

Acostumados a ouvir e ler que o "crime não compensa", somos levados a possivelmente rever essa avaliação. Pelo menos após constatarmos o que aconteceu com o ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, condenado pelas quatro instâncias jurídicas do país. Sim, temos quatro instâncias: Comarca ou Vara de Justiça, Tribunal de Justiça, Tribunal Superior de Justiça e Supremo Tribunal Federal.
Condenado a pagar uma multa de R$ 466.888,90, o petista arrecadou em pouco mais de duas semanas,  exatos  R$ 1.013.657,26 portanto, mais do dobro do que necessitava, um sucesso superior ao do pioneiro em arrecadação do tipo, o também petista e ex-presidente nacional da legenda, José Genoíno.

Agradecido e surpreso com tamanha "solidariedade" petista, Soares informou que repassará o excedente para pagamento de multas dos colegas José Dirceu e João Paulo Cunha.
Sabe-se, o brasileiro é solidário por natureza, mas a "vaquinha" ocorrida para pagar as multas dos condenados pelos crimes cometidos no caso do Mensalão, tem um viés digamos comprometedor, ou seja, o de contribuir para a compreensão de que o crime compensa, na medida em que os infratores da lei não arcaram com o ônus da penalidade imposta, integralmente.