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sábado, 27 de novembro de 2010

Rio de Janeiro: agora ou nunca mais















A gravidade da violência nos morros do Rio de Janeiro, seja no complexo do Alemão ou em qualquer outro dos mais de 200 focos de tráfico de drogas revela sem disfarce que é agora ou nunca. "Demorou", como diz a gíria paulista ao referir-se a algum fato com atraso. Demorou mesmo. A guerra do tráfico no Rio arrasta-se há anos e parece ter chegado ao limite. As autoridades cariocas sempre admitiram existir um poder pararelo representado pelo crime organizado e pelos chefões do tráfico de drogas. Hoje, a situação é de real confronto entre o poder constituído, legal, das forças de Segurança Pública e os traficantes. A guerra é real nos morros cariocas. Espera-se que desta vez o Estado restabeleça a normalidade, lamentavelmente com perdas de vidas e derramamento de sangue, mas a hora é de fazer prevalecer as garantias individuais e coletivas do cidadão de bem, do trabalhador e da população em geral que está violentamente ameaçada.
A questrão do tráfico e do consumo de drogas é complexa, mas salta aos olhos de qualquer observador mais atento, a seguinte questão: se não houvesse o consumidor, obviamente não haveria o tráfico, a venda. Outro detalhe é que o tráfico não é alimentado por pequenos assalariados que quando viciados, mal conseguem utilizar-se do crack. Cocaína e outras drogas caras tem como usuários pessoas de alto poder aquisitivo. Pode estar aí a razão pela qual nunca se pensou em punir e responsabilizar tais usuários.
Sobre este tema, o blog transcreve o artigo abaixo, do experiente jornalista Carlos Chagas. Ele tem razão. Confira:

"A RESPONSABILIDADE DOS USUÁRIOS DE DROGAS

Por Carlos Chagas

Quando eclodem as guerras, os países envolvidos dedicam-se a analisar suas causas, justificando-se pelo envolvimento nos confrontos. Ainda em 1939 as democracias européias acusavam a Alemanha de invadir outras nações, ao tempo em que Adolf Hitler alegava o esbulho do Tratado de Versailles contra o povo germânico.

Sucedem-se as explicações sobre a conflagração no Rio, com a polícia e as autoridades denunciando a extensão do crime organizado no controle das favelas e os narcotraficantes sustentando que a miséria e o desemprego não lhes deixaram outra opção de sobrevivência.

Só que ambos os lados em choque, com raras exceções, omitem o fator principal de responsabilidade pela conflagração: os usuários de droga. Não tivessem os viciados se multiplicado em progressão geométrica e não estaríamos assistindo essa novela de horror.

Os números não deixam mentir: só da Vila Cruzeiro escaparam perto de 600 narcotraficantes, refugiando-se no Complexo do Alemão. Multiplique-se pelas outras mil favelas fluminenses o número de bandidos empenhados em adquirir, vender e distribuir cocaína, maconha e outras drogas, e se terá o número aproximado de dezenas de milhares de criminosos assolando a antiga capital e adjacências.

Isso significa número muito maior de viciados, daqueles que recebem a droga a domicílio ou freqüentam as bocas de fumo. Duzentos mil, quinhentos mil, no Rio? São eles os responsáveis pela guerra. Carregam a culpa pela intranqüilidade da população inteira, mais os assassinatos, os roubos e as depredações. No entanto, são tratados como vítimas, coitadinhos, pobres doentes contaminados pela angustia...

Aqui para nós, é preciso criminalizá-los. Identificá-los. Expô-los à sociedade. Torná-los responsáveis perante a Justiça, aplicando-lhes penas que, mesmo não sendo de prisão, precisam ser conhecidas dos vizinhos, parentes, patrões e empregados. Em especial os melhor favorecidos, os ricos e os integrantes das elites. Vale repetir, são eles os culpados pelo que vai acontecendo, porque se não existissem, não existiria o narcotráfico. Nem a guerra."

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