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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Desabafo: "Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quizer, vai dar pra mudar o final!"





O texto é da competente atriz, poetisa e jornalista Elisa Lucinda, feito há alguns anos, mas o universo político partidário do país em seu dia-a-dia o transforma em um desabafo atualizadíssimo.
Não há limites para nada. Brasília distribui no atacado péssimos exemplos de desmandos com o dinheiro público e não acontece rigorosamente nada. Com até o Judiciário do país desacreditado, impotente e de certa forma contribuindo para a absoluta impunidade, em quem acreditar? A ignorância política de muitos brasileiros continua salvando os usurpadores do patrimônio público de uma forma banalizada e generalizada. O presidente da República transformado em um cabo eleitoral de quinta categoria, em nome de um projeto de poder e não de Governo.
O fio de esperança reside no patriotismo consciente de cada um ao abraçar que:
"Minha esperança é imortal, ouviram? Imortal!'
Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quizer, vai dar pra mudar o final!"
A voz é da cantora Ana Carolina. Abaixo, o texto, na íntegra:

"Meu coração está aos pulos! Quantas vezes minha esperança será posta a prova? Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro. Do meu dinheiro, do nosso dinheiro que reservamos duramente pra educar os meninos mais pobres que nós, pra cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais. Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais. Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta a prova? Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? É certo que tempos difíceis existem pra aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz. Meu coração tá no escuro. A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e todos os justos que os precederam. 'Não roubarás!', 'Devolva o lápis do coleguinha', 'Esse apontador não é seu, minha filha'. Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar! Até habeas corpus preventiva, coisa da qual nunca tinha visto falar, sobre o qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará! Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear! Mais honesta ainda eu vou ficar! Só de sacanagem!
Dirão: 'Deixe de ser boba! Desde Cabral que aqui todo mundo rouba!
E eu vou dizer: 'Não importa! Será esse o meu carnaval! Vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos.'
Vamo pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo, a gente consegue ser livre, ético e o escambal.
Dirão: 'É inútil! Todo mundo aqui é corrupto desde o primeiro homem que veio de Portugal!'
E eu direi: 'Não admito! Minha esperança é imortal, ouviram? Imortal!'
Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quizer, vai dar pra mudar o final!

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