Notícias do Dia

sábado, 5 de dezembro de 2009

Editorial: Justificativa do blog



Devo em respeito a meus possíveis webleitores uma justificativa para a linha editorial deste modesto blog. Quando decidí pela concepção deste pequeno espaço, resolví que não me prestaria a radicalismos exacerbados que nada constrói, consciente de que os interesses coletivos são direitos e deveres de de todos e não de vozes isoladas. Pensei em tratar de temas relacionados ao ser humano em geral, sob uma ótica positiva, por acreditar no poder das palavras. Por mais seletivo que tento ser, a política partidária tem estado muito presente aqui. Não à toa. É que os fatos políticos do país tem muito a ver com a vida dos brasileiros, na medida em que seus agentes democraticamente constituídos, não tem se dado ao inalienável respeito a seus constituintes, no caso, o povo brasileiro.

A propósito, transcrevo o artigo "Uma pátria de meias e patacas" do jornalista e escritor Petrônio Souza Gonçalves, para nossa reflexão.

"O Brasil é mesmo a pátria do panetone. Tudo aqui é festivo, ocasional, furtivo. Nossos protestos menores, nossas mágoas maiores. Tudo dura até o próximo verão, a próxima semana. Nunca, mais que as próximas eleições. Para conferir isso, basta lembrar que depois de renunciar ao mandato de senador, por ter violado o painel eletrônico do Senado, o intrépido José Roberto Arruda foi promovido - talvez pela evidência do pequeno delito - a governador de Brasília.
Na época de violador da democracia, ele foi achincalhado. Algumas eleições depois, condecorado, promovido, absolvido pelo próprio povo. Como no celebre poema de Augusto dos Anjos, “a mão que afaga, é a mesma que apedreja”. Isso é o Brasil, esta é a nossa tosca democracia, sustentada por um provincianismo primário, filha bastarda de nossa servil consciência cívica.
República de meias e patacas, de cuecões e gravatas, não vimos o amadurecimento dos Caras Pintadas, que guardaram suas fantasias após o primeiro carnaval. Tudo aqui é assim, teatral, banal, nunca original, como se o país fosse um eterno baile de carnaval. Para o movimento estudantil e os congressos universitários, os eternos piqueniques ideológicos, exercendo sua cota de democracia com a eleição desse ou daquele presidente da UNE, tão comprometido quanto alienado. Os protestos não são para mudar o país, para mudar nossa sociedade, mas sim para mudar a visão e o conceito que as pessoas têm sobre cada um de nós. Como somos desprovidos de civismo. Como pagamos caro por nossa tola e inocente consciência política.
Isso justifica nossa representação popular, desfilando seus fantasmas em plena luz do dia. Como podemos pensar em um novo país, em um Brasil melhor, tendo um congresso composto por homens do quilate de Paulo Maluf, de José Genoino, Jader Barbalho, Antônio Palocci, Fernando Collor, entre tantos outros, durante tantos anos de desmandos e prevaricações. Essa é a pátria dos mensalões e dos mensalinhos, uma nação bem mensalina, bem sem vergonha, que troca seu futuro, o seu voto, por uma cesta básica, por uma ajudinha. É o corrompido corrompendo o corruptor, coisas do nosso amado Brasil!

Sabendo bem como se faz greves e como se organiza protestos, o Brasil de Lula é um Brasil silenciado, domesticado, docilizado: dos movimentos sindicais à militância partidária, dos movimentos estudantis às Organizações Não Governamentais. Todos, por certo, registrando seu mensalão ideológico, sua verbinha providencial. É no Brasil da impunidade que a corrupção viceja, é no Brasil da passividade que os escândalos se repetem. Lamentavelmente!

A nossa democracia, o nosso parlamento, é mesmo uma festa à fantasia... Cada um interpretando um personagem, cada um nos aplicando uma trágica peça. Tem o que ama, o que protesta, o que ri. Tem também o mau e o cara de pau. E, no final, todos se banqueteiam e se coçam, em uma mesma festa."

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