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sábado, 17 de abril de 2010

Leitura Dinâmica: "Para onde vamos?"




Leitura Dinâmica deste Sábado, 17, sugere uma reflexão sobre a vida no campo e o inevitável deslocamento de grande parte da população rural para os centros urbanos, motivados por uma razão maior: a sobrevivência. O Blog encontra no texto abaixo, de Heródoto Barbeiro, competente jornalista e articulista de São Paulo, caminhos para tentar compreender tragédias urbanas como a do Morro do Bumba, em Niterói, quando morreram mais de 250 pessoas. Afinal,

"PARA ONDE VAMOS ??

Heródoto Barbeiro

É só olhar para a história da humanidade e se percebe que as pessoas sempre viveram na sua maioria no campo. As cidades eram pequenas, sujas, foco de doenças graves e com pouco possibilidade de sobrevivência econômica. Alem de tudo inseguras uma vez que os becos e vielas eram habitados por bandidos e assassinos de toda espécie e andar à noite nem pensar. Quando havia uma invasão, seja no Egito, Mesopotâmia, México, Gália ou qualquer outro lugar, era a cidade o alvo principal e a resistência atrás das muralhas era, geralmente,´punida com genocídio, estupros, raptos de crianças e assaltos a todas as riquezas possíveis. Tudo mudou depois da revolução industrial e o advento das fábricas e a expulsão dos pequenos camponeses de suas terras para a criação de carneiro britânico. O século passado assistiu a uma reviravolta. Ainda assim cidades como Guernica, Hamburgo, Varsóvia, São Petersburgo e Hiroxima foram arrasadas. Em 1950 menos de 30 % da população mundial vivia em cidades, isto se inverteu e mais de 70% das pessoas vivem em centros urbanos e o processo é irreversível e contínuo. Vai chegar um momento que muito pouca gente vai viver no campo. O processo de urbanização continua e cada vez mais as sociedades precisam de recursos para impedir que as cidades cheguem ao caos pelo gigantismo e pela carência de serviços públicos decentes.

Não é preciso ser nenhum urbanista graduado para perceber que as cidades e suas necessidades crescem em velocidade maior que o poder público pode acompanhar. O Estado não é capaz de prover aos novos bairros água,. esgoto, saúde, educação, transporte e outros equipamentos urbanos. O crescimento populacional é vegetativo e inflado com a chegada de novas populações que vêm do campo. Haverá dinheiro para dar o mínimo de conforto e organização para as populações urbanas? Os que pagam impostos vão ter que pagar cada vez mais e não ter o retorno que esperam do poder público? Essa é uma pergunta que qualquer contribuinte pode responder. Será que se o desperdício for contido essa conta fica mais amiga? O mundo perde anualmente por ano 1 trilhão e meio de dólares de corrupção. Gastamos um trilhão com armamentos. Injetamos 600 bilhões de dólares em subsídios para o agro negócio. Portanto riquezas existem a ponto de serem desperdiçadas, logo há dinheiro para tirar parte da população mundial da miséria.

Como no resto do mundo, as cidades brasileiras são cada vez mais importantes e decisivas no processo de desenvolvimento do país, contudo o que se vê hoje, além do desperdício, é a má administração, falta de gerenciamento eficaz, planejamento racional, objetivos político-eleitorais acima do interesse público, muitos usam a prefeitura como trampolim para carreiras políticas, busca do poder, e repositório de empregos para parentes, amigos, cabos eleitorais e ex-inimigos. Cabem todos no bolso do contribuinte. A organização do futuro vai ser feita a partir das cidades e o avanço da tecnologia certamente vai ajudar, mas o mais importante é a participação cidadã de todos os moradores sejam em reuniões de condomínios, clubes, igrejas, ONGs, sindicatos, empresas, escolas, partidos políticos , associações de bairros, enfim em qualquer lugar onde for possível um debate, decisão, e ação com interesse público. Não há outra saída, as cidades grandes tendem a crescer, as médias a inchar e as pequenas a sumir, por isso na dor ou no amor o urbanóide vai ter que dar a sua contribuição para o destino da sua cidade seja em que continente, região, país ou estado que estiver. Quanto antes começarmos essa participação cidadã mais cedo podermos influir na solução dos problemas da comunidade. O morador da cidade que ficar em casa e achar que não tem nada com isso tudo certamente vai sofrer como todos e se arrepender por não ter participado quando teve oportunidade."

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