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domingo, 25 de abril de 2010

Leitura Dinâmica: "Estar sozinho"




Texto de Flávio Gikovate


"Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o inicio deste milênio.
As relações afetivas também estão passando por profundas
transformações e revolucionando o conceito de amor.

O que se busca hoje é uma relação
compatível com os tempos modernos,
na qual exista individualidade,
respeito, alegria e prazer de estar junto,
e não mais uma relação de dependência,
em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.

A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade, que nasceu com o romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século.

O amor romântico parte da premissa
de que somos uma fração
e precisamos encontrar nossa outra metade
para nos sentirmos completos.

Muitas vezes ocorre até um processo
de despersonalização que, historicamente,
tem atingido mais a mulher.
Ela abandona suas características,
para se amalgamar ao projeto masculino.

A teoria da ligação entre opostos também vem dessa
raiz o outro tem de saber fazer o que eu não sei.
Se sou manso, ele deve ser agressivo,
e assim por diante.
Uma idéia prática de sobrevivência,
e pouco romântica, por sinal.

A palavra de ordem deste século é parceria.
Estamos trocando o amor de necessidade,
pelo amor de desejo.
Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso,
o que é muito diferente.

Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual,
as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas,
e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas.

Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras.
O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração.
Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma.
É apenas um companheiro de viagem.

O homem é um animal que vai mudando o mundo,
e depois tem de ir se reciclando,
para se adaptar ao mundo que fabricou.
Estamos entrando na era da individualidade,
o que não tem nada a ver com egoísmo.

O egoísta não tem energia própria;
ele se alimenta da energia que vem do outro,
seja ela financeira ou moral.

A nova forma de amor, ou mais amor,
tem nova feição e significado.
Visa a aproximação de dois inteiros,
e não a união de duas metades.

E ela só é possível para aqueles
que conseguirem trabalhar sua individualidade.
Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho,
mais preparado estará para uma boa relação afetiva.

A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso.
Ao contrário, dá dignidade à pessoa.
As boas relações afetivas são ótimas,
são muito parecidas com o ficar sozinho,
ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem.

Relações de dominação e de concessões
exageradas são coisas do século passado.
Cada cérebro é único.
Nosso modo de pensar e agir
não serve de referência para avaliar ninguém.

Muitas vezes,pensamos que o outro é nossa alma gêmea e,
na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto.

Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando
para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal.

Na solidão, o indivíduo entende
que a harmonia e a paz de espírito só pode
ser encontradas dentro dele mesmo,
e não à partir do outro.

Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e
mais compreensivo quanto às diferenças,
respeitando a maneira de ser de cada um.

O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável.

Nesse tipo de ligação, há o aconchego,
o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado.

Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém,
algumas vezes você tem de aprender
a perdoar a si mesmo... "


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